Simplifique a vida

Continuaremos o post da semana passada, afinal, viver com simplicidade e sem pressa tornou-se um estilo de vida pra muita gente. Às vezes para a população de uma cidade inteira.

Em 2002, Kakegawa, no Japão, se tornou a primeira cidade "slow" do mundo. A prefeitura lançou um manifesto com ideais para uma vida mais saudável em decorrência da diminuição do ritmo. A cidade tem 118 mil habitantes e todos eles foram incentivados a andar a pé, construir casas com bambu e papel e cultivar o hábito japonês de tomar chá verde. A prefeitura também foi responsável por negociar uma redução na carga horária de trabalho da sua população. Quer mudar pra lá, né?

Kakegawa, Japão, a primeira cidade "slow" do mundo

Mas o único motivo pra esses conceitos estarem se espalhando é a diminuição da circulação de dinheiro mundialmente? Para o escritor escocês Carl Honoré, o modelo vivido pela maioria da população mundial que prega extrema rapidez e intensidade nas tarefas traz infelicidade, ou seja, diminuir o ritmo e aumentar a simplicidade das coisas é sinônimo de qualidade de vida. E ele não é o único a char isso:

"A frugalidade é uma maneira de recuperarmos coisas imateriais importantes que haviam sido perdidas: tempo, saúde e felicidade", diz o escritor e documentarista americano, John de Graaf  que costuma classificar o consumo como uma doença caracterizada por sintomas como ansiedade, dívidas e desperdício.

Passa mais tempo com os amigos

"Vivemos o delírio do tempo. Tudo tem de ser veloz. O processo e a reflexão são sempre pouco importantes," diz o filósofo Mário Sérgio Cortella, da PUC de São Paulo. "A gente só faz o urgente, o importante fica pra depois."

Mas como começar a implantar isso na sua vida? Dedicar mais tempo aos filhos ou amigos pode ser o primeiro passo, como destaca a reportagem da Revista Época. Carl Honoré afirma que "gastamos muito dinheiro e tempo planejando atividades complexas para nossos filhos. Na realidade seria melhor pra eles, e pra nós mesmos, simplesmente passar o tempo juntos." Desse modo, é possível perceber que a simplicidade deve imperar em todos os ângulos de nossa vida, a felicidade pode ser encontrada nos mais simples prazeres e momentos aparentemente banais.

Decretar um tempo livre para simplesmente não fazer nada é outra opção interessante e que incita à reflexão. Domenico De Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma, sempre defendeu essa pausa aparentemente vazia como um "ócio criativo." Fazer cortes na nossa vida e aderir a essa "simplicidade" não é tarefa fácil, mas também não é tão doloroso. Uma reportagem da New York mostrou que é possível ter uma vida até melhor que a atual sem fazer cortes violentos no orçamente, mas fazendo uma única coisa: economizando.

No seu tempo livre dedique um tempo pra fazer "nada"

A reportagem dá dicas inusitadas sobre o quê economizar: reciclar antigos relacionamentos ao invés de procurar um novo amor é uma das sugestões. Segundo a revista a arte da conquista é muito cara (cerca de 5.800 reais). Outra dica é cuidar dos filhos em grupos ao invés de contratar uma babá.  A reportagem destaca ainda que, no Brasil, já existem grupos de mulheres que se reúnem só para trocar roupas que não usam mais.

Como é possível notar não é tão difícil assim simplificar a sua vida e diminuir o ritmo. Experimente, quem sabe você não vai se sentir mais feliz? Não custa nada tentar, na verdade, sai até mais barato. 

Com informações da edição nº 555 da Revista Época.